Podem me chamar de escrota, não tô nem aí. Mas acontece que eu acho essa história toda do 'Caso Isabella' a maior palhaçada do mundo.
Ok, alguém sufocou uma criança e fingiu uma queda do 6º andar. Ok, ou o pai, ou a madrastra ou alguém próximo fez isso. Por quê? Sei lá, se a polícia ainda não descobriu, quem sou eu pra falar alguma coisa. Só que eu acho a coisa mais absurda, ignorante e sensacionalista do mundo fazer este escarcéu todo sobre o assassinato de uma criança de classe média-alta paulistana, enquanto um monte de crianças de classe baixa-mínima-zero-menos um do país morre todos os dias, vítimas de violência nas ruas, fome, falta de saneamento básico, dengue. Tem gente no nordeste comendo farinha com leite em pó, tem gente que anda quilômetros por dia pra conseguir um balde d'água, tem gente morrendo em fila de espera do SUS sem qualquer atenção da mídia - essa mesma mídia - que tanto auê faz por causa da morte de uma criança rica.
E os políciais que saem atirando à rodo nas favelas do Rio? E as balas perdidas que nasceram do cano de armas de traficantes, que matam inocentes trabalhadores que estavam dormindo em suas casas? E o espancamento de mendigos nas ruas? E as crianças com câncer, com leucemia, que morrem por falta de doador? Alguém investiga os motivos? Alguém faz escarcéu e abaixo-assinado pra descobrir quem foi o assassino cruel de crianças anônimas que morrem espancadas pelos próprios familiares nas zonas pobres das cidades? Alguém faz plantão na porta da casa dos governantes que destróem a possibilidade de milhares de crianças serem alfabetizadas, por falta de condições? Alguém investiga a fundo os exploradores de trabalho infantil? Tráfico do sexo?
Não.
Mas um lunático desequilibrado e sociopata assassina uma criancinha bonitinha, branca e inocente num bairro nobre da cidade, e por conta disso ela vira a filhinha adotiva do Brasil. E daí tem missa, tem choradeira pública, tem vídeo no Youtube, especial no Fantástico, milhões de mensagens de apoio à pobre mãe que perdeu a filha.
Daí me pergunto por quê ninguém quer adotar uma criança viva, carente, que o povo tá deixando morrer.
Se esse bando de asnos e mulas que formam o povo brasileiro conseguisse deixar de sofrer por causas erradas, talvez o Brasil fosse um pouquinho melhor.
domingo, 13 de abril de 2008
Que país é este?!
domingo, 6 de abril de 2008
Mix
Mudei.
Nhoin!
quinta-feira, 3 de abril de 2008
Mude
E então eu levei bem a sério aquele poema do Edson Marques que os parentes da Clarisse Lispector tentaram surrupiar.
Procurei por um mês inteiro de visitas incessantes e pessoas com "papelada na frente", lixões e apartamentos de sonhos, até que, finalmente, achei um com a minha cara, e o melhor: cheguei primeiro. Adoro chegar primeiro. Desde criança. É um prazer meio inconsciente, assim. "Eu ia sentar aí nessa cadeira - Cheguei primeiro.; Esse é o último pedaço de pizza! - Cheguei primeiro.; Gosto daquele cara - Cheguei primeiro.", enfim. Eu cheguei primeiro e aluguei o apartamentinho com cara-de-casa-de-boneca-com-varandinha-e-tudo, e pra lá irei amanhã. Irei, não: iremos. Tequila e eu. Passei uma semana bem atarefada, veja bem. Com idas em imobiliária, cartório, supermercados e até mesmo na sala de um investigador de polícia no Detran. Encaixotando pratos, copos, luminárias, livros, cadernos e mais ou menos um milhão e meio de lembranças de 2 anos felizes e muito bem vividos aqui nesse apartamentinho na Vila Mariana. Ló, eu, Teca e visitas incessantes de ambos os lados, mantendo o lugar sempre muito arejado e visitado. Palco de bebedeiras, choradeiras e noites em claro por conta do PGE. De mau humor e piadas, e de muita, muita amizade mesmo.
Essa é a última noite aqui e eu estou com um vestígio de dor no coração. Tõ tão acostumada! Tequila tá tão acostumada! Tudo aqui é grande e gostoso, adoro meu quarto e a disposição dos móveis, adoro como a TV fica exatamente direcionada pra quem está no computador e adoro como a cama permite que se assista milhões de DVDs na tela de 17" do monitor.
Adoro a cor das paredes, adoro tudo branquinho. O apartamento novo tem muitas cores, tem um banheiro pequenino e azul e eu tenho medo. A rua tem nome de tribo de índio, e eu acho que gosto mais do Humberto I, seja ele quem for. O Humberto tem nome de personagem da turma da Mônica, e eu adoro a turma da Mônica. E o Humberto fica pertinho da ESPM, e da pet shop que a Teca conhece desde filhote e de todas as lembranças da Vila que eu tenho desde que me conheço por paulistana! E agora vou pra um bairrozinho esnobe de nome indígena.
Emburrei. Não vou mais. Não iria. Não fosse o fato de todas as minhas coisas estarem lá, já. E lá tem piscina, e andar alto. E lá tem garagem. E lá vai ser só meu e da Teca.
"Compre pão em outra padaria."
Comprarei, Edson.